Importa evocar, a génese do dia que amanhã se assinala: em oito de março de 1857, um grupo de operárias fez greve e enfrentou os patrões e a polícia em Nova Iorque em prol de menos horas de trabalho e remunerações mais justas.
Em 1910, durante o II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas que teve lugar em Copenhaga, na Dinamarca, esta data foi definida como o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. A proposta partiu de Clara Zetkin, responsável pela organização do trabalho de mulheres da social-democracia alemã e editora do jornal de mulheres do partido, Igualdade, que defendia ser necessário estabelecer um dia como referência mundial de luta para as mulheres na medida em era preciso lutar por reivindicações fundamentais tais como a redução da jornada, o voto feminino etc.
À altura, Lena Lewis, uma das principais representantes do movimento feminista norte-americano, declarou que não era uma época para celebrar nada, mas um dia para antecipar as lutas que viriam
É exactamente isto – e apenas isto - o que se evoca todos os 8 de Março desde então, que perfaz amanhã um século. Há exactamente 100 anos (tantos quantos a nossa República) que Março simboliza a força da Mulher enquanto trabalhadora que luta pelos seus direitos.
E não, não está tudo feito; este dia assinala o que foi, o que é e o que ainda está por vir no que à mulher diz respeito.
Continuamos a ser um País em que a remuneração é muitas vezes diferenciada em função do género; continuamos num País que, na dispensa de trabalhadores/as, as primeiras a sair são as mulheres.
Somos um País que continua a fintar os direitos das Mães – e já agora – dos pais trabalhadores, em nome de uma economia que economiza cada vez mais as nossas gentes.
Somos um País em que a violência doméstica tem um peso esmagador, com resultados muitas vezes irreversíveis e em que a violência no namoro acontece com cada vez maior persistência. E portanto, cá em casa não está tudo bem e é preciso que tomemos consciência de que o cruzar de braços – o cultivo da esfera do feminino sossegadinha – é perigosa.
Em 2008, na comunicação que apresentamos no Congresso Feminista, na Gulbenkian, em Lisboa, deixamos claro que consideramos que a pobreza, seja qual for a sua manifestação, constitui um oceano que aparta e aprisiona a mulher numa espécie de dupla insularidade. Hoje, desde 20 de Fevereiro, que consideramos que a situação da mulher madeirense se agravou. Alguns postos de trabalho estão em risco; a pobreza financeira, muitas das vezes envergonhada, traduziu-se em habitações precárias que desapareceram e afectaram – não só as nossas mulheres, como os nossos homens, idosos/as e crianças. Acresce o facto de que por força de novas dinâmicas relacionais, hoje temos muitas famílias monoparentais, em que as mulheres constituem o pilar emocional e económico dessas famílias. Assim, a UMAR apela especial atenção das autoridades face aos problemas que enunciamos.
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