domingo, 25 de abril de 2010
UMAR acontece
Homenagem às Mulheres de Abril - Conceição Pereira
O almoço foi pretexto para homenagearmos a umarista madeirense Conceição Pereira.
A Conceição está na UMAR desde o seu início - 1976 - e foi incansável, durante mais de duas décadas, na sua dinamização na RAM. A Conceição é da UMAR, mas precisa de mais tempo para sim. Deixa um bom legado, na medida em que a UMAR Madeira está viva. E hoje, prestou homenagem ao trabalho dela na UMAR. Aqui fica um apontamento...
Para memória futura.
E já é Abril de novo - as nossas Mulheres (dentro de casa)
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Filhos e cadilhos, panelas e fundilhos
Meteste as minhas mãos à obra
E encontraste momentos de sobra
Para evitar que o meu corpo pensasse na vida
Teus olhos fechados, mudos e cansados
Não viam se verso, se prosa
O meu suor era o teu mar de rosas
Meus olhos verdes, janelas de vida fechados por ti
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei
Pegas-me na mão e falas do patrão
Que te paga um salário de fome
O teu patrão que te rouba o que come
Falas contigo sozinho para desabafar
Meus olhos cansados abrem-se espantados
Prá vida de que me falavas
Pra combater contra os donos de escravas
Meus olhos verdes
Que te vão falar e que tu vais ouvir
Mariazinha fui, em Marta me tornei
Sei aquilo que fui e que jamais serei.
sábado, 24 de abril de 2010
E já é Abril de novo - as nossas Mulheres
segunda-feira, 8 de março de 2010
8 de Março de 2010 - Centenário da Comemoração do Dia Internacional da Mulher
Importa evocar, a génese do dia que amanhã se assinala: em oito de março de 1857, um grupo de operárias fez greve e enfrentou os patrões e a polícia em Nova Iorque em prol de menos horas de trabalho e remunerações mais justas.
Em 1910, durante o II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas que teve lugar em Copenhaga, na Dinamarca, esta data foi definida como o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. A proposta partiu de Clara Zetkin, responsável pela organização do trabalho de mulheres da social-democracia alemã e editora do jornal de mulheres do partido, Igualdade, que defendia ser necessário estabelecer um dia como referência mundial de luta para as mulheres na medida em era preciso lutar por reivindicações fundamentais tais como a redução da jornada, o voto feminino etc.
À altura, Lena Lewis, uma das principais representantes do movimento feminista norte-americano, declarou que não era uma época para celebrar nada, mas um dia para antecipar as lutas que viriam
É exactamente isto – e apenas isto - o que se evoca todos os 8 de Março desde então, que perfaz amanhã um século. Há exactamente 100 anos (tantos quantos a nossa República) que Março simboliza a força da Mulher enquanto trabalhadora que luta pelos seus direitos.
E não, não está tudo feito; este dia assinala o que foi, o que é e o que ainda está por vir no que à mulher diz respeito.
Continuamos a ser um País em que a remuneração é muitas vezes diferenciada em função do género; continuamos num País que, na dispensa de trabalhadores/as, as primeiras a sair são as mulheres.
Somos um País que continua a fintar os direitos das Mães – e já agora – dos pais trabalhadores, em nome de uma economia que economiza cada vez mais as nossas gentes.
Somos um País em que a violência doméstica tem um peso esmagador, com resultados muitas vezes irreversíveis e em que a violência no namoro acontece com cada vez maior persistência. E portanto, cá em casa não está tudo bem e é preciso que tomemos consciência de que o cruzar de braços – o cultivo da esfera do feminino sossegadinha – é perigosa.
Em 2008, na comunicação que apresentamos no Congresso Feminista, na Gulbenkian, em Lisboa, deixamos claro que consideramos que a pobreza, seja qual for a sua manifestação, constitui um oceano que aparta e aprisiona a mulher numa espécie de dupla insularidade. Hoje, desde 20 de Fevereiro, que consideramos que a situação da mulher madeirense se agravou. Alguns postos de trabalho estão em risco; a pobreza financeira, muitas das vezes envergonhada, traduziu-se em habitações precárias que desapareceram e afectaram – não só as nossas mulheres, como os nossos homens, idosos/as e crianças. Acresce o facto de que por força de novas dinâmicas relacionais, hoje temos muitas famílias monoparentais, em que as mulheres constituem o pilar emocional e económico dessas famílias. Assim, a UMAR apela especial atenção das autoridades face aos problemas que enunciamos.
As/os interessadas/os podem inscrever-se na caixa de comentários deste blog ou enviar a declaração de interesse para umarmadeira@gmail.com.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Filhas de Uma Deusa Menor - Dia Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
Não é pouco comum que a secundar as notícias que a UMAR avança nesta data fruto do trabalho do OMA - Observatório de Mulheres Assassinadas - se encontre a expressão de tudo o que esta data representa e não quereria representar: basta atentar na urba de indignados (por norma homens) que ao invés de reflectirem sobre um País (e não só) onde a violência entre casais é comum e conduz muitas vezes à morte de um dos elementos ( endo que o elemento feminino geralmente é o elo mais fraco) opta muitas das vezes por se insurgir sobre a especificidade deste género de notícia; é possível ler , no que a comentários diz respeito, comparações com as mortes nas estradas lamentando que aí ninguém contabilize as mortes em termos de género. Comentários destes reflectem nada mais do que uma das razões de fundo para exista este tipo de crime. Porque o preconceito de género é sempre desvalorizado como se filhas de uma deusa menor se tratassem as visadas, nunca é tempo para reflectir estas questões. Vimos a mesma tipologia de argumentos aquando da IVG, ou aquando das quotas, e porque não, recuemos um pouco mais, aquando da luta com o salazarismo, aquando dos tempos imediatamente a seguir à conquista da democracia. Nunca é tempo de tratar das questões que dizem respeito directamente às mulheres, nunca é tempo de serem pensadas ou recompensadas por uma organização política, social, cultural e religiosa que ainda assenta sob princípios patriarcais.
Este ano foram assassinadas 27 mulheres sob a mão do seu companheiro ou ex-companheiro. O número decresceu, face ao resultado do ano anterior. Contudo, não é particularmente tranquilizador, quando se regista uma acentuada subida de casos em faixas etárias cada vez mais novas. Com isto se pode depreender que o velho chavão de que a violência singra maioritariamente nos casais mais idosos, gentes de outros tempos e outra educação é, na verdade, uma falácia.
Serve tudo o que anteriormente foi dito para reafirmar a triste necessidade da existência da sinalização de dias pela erradicação da violência contra as mulheres; é urgente que estas questões comecem a ser tratadas com a gravidade que lhes é inerente. Não nos percebam mal; não confundimos Violência contra as Mulheres com Violência Doméstica; o primeiro vai para além da violência doméstica e o segundo não se esgota na figura feminina. Mas certo é que a sua maior expressão continua a ser contra a mulher. Portanto, por enquanto, um conceito não dispensa, infelizmente, o outro.
Campanha "Eu não sou cúmplice."
Por isso, após este balanço ao fim de um ano, lembramos que a campanha ainda aceita subscrições.