domingo, 25 de abril de 2010

E já é Abril de novo - as nossas Mulheres (dentro de casa)

Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei

Filhos e cadilhos, panelas e fundilhos
Meteste as minhas mãos à obra
E encontraste momentos de sobra
Para evitar que o meu corpo pensasse na vida

Teus olhos fechados, mudos e cansados
Não viam se verso, se prosa
O meu suor era o teu mar de rosas
Meus olhos verdes, janelas de vida fechados por ti

Mariazinha fui, em Marta me tornei
Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei




Pegas-me na mão e falas do patrão
Que te paga um salário de fome
O teu patrão que te rouba o que come
Falas contigo sozinho para desabafar

Meus olhos cansados abrem-se espantados
Prá vida de que me falavas
Pra combater contra os donos de escravas
Meus olhos verdes
Que te vão falar e que tu vais ouvir

Mariazinha fui, em Marta me tornei
Sei aquilo que fui e que jamais serei.

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